Antes de falarmos sobre o Plano de Exu, é importante que entendamos o que são exatamente os planos da existencia. Em meio ao caos da realidade diária, é fácil esquecer que o mundo palpável que experimentamos é apenas a ponta do iceberg. Há mais na existência do que o que simplesmente vemos ou tocamos: há uma tapeçaria complexa de realidades, dividida em três planos principais: o Divino, o Espiritual e o Natural.
1. O Plano Divino: Este plano é a esfera da mente e da consciência. Uma dimensão que transcende o físico e se manifesta em nosso entendimento e raciocínio.
2. O Plano Espiritual: Como o próprio nome sugere, trata-se do domínio das energias e entidades espirituais. É a dimensão que conecta a mente ao corpo, a ponte entre o divino e o natural.
3. O Plano Natural: É o mundo físico, o que podemos ver, tocar e sentir. É a representação tangível de todo o cosmos.
Esses planos não operam isoladamente. Eles estão interconectados, assim como nosso corpo, mente e alma estão entrelaçados. A influência entre esses planos é constante, com certas chaves metafísicas que podem desbloquear portas entre eles, reveladas apenas àqueles que buscam conhecimento e iluminação.
No centro de tudo isso, governando e movendo-se livremente entre esses planos, está Exu. Exu é um guardião dos segredos do universo, aquele que tudo sabe e que sempre revela. Ele vê além do véu da ignorância, compreendendo os recônditos mais profundos da mente humana. Exu representa tanto uma manifestação do poder divino quanto a energia pura que impulsiona a espiritualidade.
A presença de Exu pode ser sentida em diferentes formas. No plano divino, ele se manifesta através do Orixá Exu. No plano espiritual, é conhecido como o “povo de rua”, enquanto no plano natural, ele se manifesta através de seus “cavalos”, ou médiuns. Em cada plano, Exu carrega consigo os mistérios da criação, as chaves para compreender o universo.
É crucial entender que Exu não se limita a definições simplistas de bem ou mal, justo ou injusto. Ele é a força da Lei, o executor das ordens divinas. Quando Exu age, seja concedendo bênçãos ou impondo consequências, ele faz isso seguindo um equilíbrio cósmico, mantendo a harmonia no universo.
Ao nos aprofundarmos no entendimento de Exu, também compreendemos sua hierarquia. Enquanto ele atua em serviço a outros Orixás, como Ogum, Omolu, Oxum, e Oxalá, ele permanece sob a alçada do Orixá Exu, o Mistério Original da Criação, oriundo de nosso Deus supremo, Olorum. Nesse intricado sistema, Exu serve e é servido, reinando em sua pirâmide de poder e espiritualidade.
Exus Naturais: Entendendo Seu Poder e Propósito
Em nossa constante busca por compreender o mundo espiritual, nos deparamos com uma questão fascinante: Como exatamente um espírito se torna um Exu de Trabalho? A resposta está enraizada na ideia de um Exu Natural. Estes seres, originários do poder de Exu, são únicos em que não passaram pela experiência de encarnação. Sua existência serve como um lembrete de que nem todos os seres são destinados a uma experiência terrena.
No vasto universo espiritual, nem todos são chamados para experimentar a vida na Terra. Em contraste, muitos evoluem e crescem sem nunca passar pelo ciclo de nascimento e renascimento humano. Esta ideia reafirma a vastidão e profundidade da sabedoria do Criador Olorum. Afinal, a evolução não pode ser limitada a uma única trajetória.
O conceito de justiça está profundamente entrelaçado com essa compreensão. Herdamos essa noção de justiça de nosso Pai Xangô, o senhor do fogo e das pedreiras. O fogo, neste contexto, também pode ser associado a Ogum, o deus da forja e da criação. Esta justiça equilibrada, que se manifesta em tudo, é intrinsecamente ligada a Exu. Ele, em sua onipresença, é o guardião dessa justiça.
Evoluir e aprender traz responsabilidades. Mas a busca por conhecimento não é uma maldição; é, em muitos aspectos, uma bênção. A história está repleta de indivíduos que buscaram o conhecimento e a transformação, desafiando as normas e provocando mudanças positivas. De Ghandi a Sócrates, passando por Sidarta Gautama e Jesus, essas almas inquietas e questionadoras moldaram o curso da história com sua determinação e visão.
Hoje, muitos são aconselhados a buscar a calma e o relaxamento como solução para os problemas da vida. No entanto, o verdadeiro progresso, tanto espiritual quanto terreno, vem de uma mente inquieta, questionadora e indomável. Nietzsche e outros filósofos e pensadores nos ensinaram a valorizar a liberdade do espírito.
Exu, nesse cenário, é a personificação dessa vontade feroz e desenfreada. Seu poder vital, simbolizado por seu ogó (instrumento de formato fálico e adornado com cabaços e búzios, que representam os testículos), é uma força que busca gerar novas ideias, novos caminhos e nova fé.
Por fim, retornando à nossa questão original sobre os Exus Naturais, é fascinante imaginar que esses seres foram moldados no próprio fator vitalizador de Olorum, sob a égide de Exu. Como uma etnia ou raça, os Exus Naturais compartilham características comuns e vivem em harmonia em seus universos exclusivos. Estes seres, em sua essência, servem como um testemunho do poder e do mistério do universo espiritual, e do papel crucial de Exu nessa intrinscinca tapeçaria.
Os Exus Naturais e Seus Laços com as Sete Linhas de Umbanda
Quando nos aprofundamos nos ensinamentos de Umbanda, percebemos a presença inegável de uma estrutura organizacional complexa e intrincada. Os Exus Naturais, aqueles seres que nunca passaram por uma encarnação humana, têm sua própria hierarquia, refletindo as Sete Linhas ou Irradiações Divinas de Umbanda. Essas linhas são essencialmente a representação dos Sete Tronos Divinos:
- Fé (Elemento Cristalino): Representada por Oxalá e Logunan.
- Amor (Elemento Mineral): Canalizado por Oxum e Oxumarê.
- Conhecimento (Elemento Vegetal): Manifestado através de Oxossi e Obá.
- Justiça (Elemento Ígneo): Embodida por Xangô e Oroiná.
- Lei (Elemento Eólico): Demonstrada por Ogum e Iansã.
- Evolução (Elemento Terra): Caracterizada por Obaluaê e Nanã.
- Geração (Elemento Aquático): Representada por Iemanjá e Omolu.
Com base nessas linhas, os Exus Naturais se diversificam em sete categorias distintas, abrangendo desde os Exus dos Cristais até os Exus da Água. Esses Exus, em suas linhas respectivas, refletem os princípios e características dos Orixás com os quais estão alinhados. Por exemplo, Exus de Oxalá e Logunan têm a responsabilidade de canalizar e expressar os princípios da fé e da devoção, enquanto Exus de Iemanjá e Omolu se concentram nas qualidades de geração e criatividade.
É importante notar que esses Exus dos Orixás são considerados puros. Eles são os guardiões diretos dos Orixás planetários e não se manifestam fisicamente através da incorporação.
No entanto, cada médium tem, em sua espiritualidade, um Exu Guardião Natural dedicado a protegê-lo e orientá-lo. Esses guardiões raramente se manifestam diretamente, mas sua presença é constantemente sentida e atuante na vida de seu médium. Estes Exus, em sua essência, não dependem de intermediários, atuando de acordo com a vontade e direção dos Orixás.
Além disso, há o Exu de Trabalho, um ser que desempenha papéis específicos na hierarquia espiritual. Estes Exus são os mensageiros e executores, assegurando que as ordens de seus superiores sejam realizadas. Aqueles que não são médiuns, no entanto, têm apenas a orientação de um Exu Natural, que influencia suas vidas por meio das interações com outros seres e pessoas ao seu redor.
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