Umbanda uma Religião Brasileira
Salve Salve Umbanda! Neste texto, vou te conta um pouco como foi a fundação da Umbanda, uma religião que busca uni em vez de dividir.
Sabemos que existem várias teorias sobre sua origem, mas aqui vou te falar exatamente o que está registrado na história, e que pode ser comprovado até hoje visitando o terreiro ativo no Rio de Janeiro e também no próprio site da Tenda Espirita Nossa Senhora da Piedade.
A Umbanda é uma religião monoteísta que traz aspectoss xamanicos, católticos, kardecistas, africanos e até mesmo orientais, canalizada no ano de 1908 por Zélio Fernandino de Moraes, e baseada nos princípios de Luz, Caridade e Amor. O termo “umbanda” vem do quimbundo, uma língua angolana, e significa “arte de curar”.
A Revelação de Zélio
Em 1908, Zélio Fernandino de Moraes, um jovem de 17 anos, começou a manifestar “ataques” inexplicáveis que deixaram sua família perplexa em Neves, um bairro no estado do Rio de Janeiro. Esses episódios eram marcados por comportamentos estranhos e imprevisíveis. Zélio alternava entre agir como um idoso, com postura e fala de alguém muito mais velho, e exibir a agilidade e os movimentos de um felino. Essas manifestações ocorriam sem aviso e pareciam estar além de qualquer explicação médica convencional.
Preocupados com o bem-estar de Zélio, sua família buscou a ajuda de vários profissionais de saúde, mas nenhum conseguiu oferecer uma explicação satisfatória para o que estava acontecendo. O médico da família, que também era tio de Zélio, após muitas observações, concluiu que os sintomas não se enquadravam em nenhuma condição médica conhecida. Ele sugeriu que poderia ser um caso de possessão espiritual, algo que ultrapassava sua área de expertise médica.
Diante dessa situação incomum, um dos membros da família de Zélio sugeriu que ele fosse levado à Federação Espírita de Niterói, uma instituição respeitada e liderada na época por José de Souza. A Federação Espírita era conhecida por seu trabalho com fenômenos espirituais e poderia oferecer uma perspectiva diferente sobre os ataques de Zélio.
A visita à Federação Espírita de Niterói foi marcada para o dia 15 de novembro de 1908. Nessa ocasião, Zélio, acompanhado por sua família, participou de uma sessão espírita. Mal sabiam eles que essa visita se tornaria um evento histórico, não apenas para Zélio e sua família, mas também para a fundação da Umbanda como religião. Durante a sessão, Zélio foi impulsionado por uma força desconhecida a tomar ações que desafiaram as normas da reunião, levando à manifestação de espíritos que seriam fundamentais para o surgimento da Umbanda.
Esse evento na Federação Espírita de Niterói marcou o início da revelação de Zélio como médium e do Caboclo das Sete Encruzilhadas, uma entidade espiritual que desempenharia um papel crucial na fundação e na disseminação da Umbanda. A jornada de Zélio não apenas trouxe respostas para sua condição inexplicável, mas também lançou as bases para uma nova religião que promoveria a caridade, a igualdade e o amor fraternal.
A Primeira Manifestação
No dia 15 de novembro de 1908, durante uma sessão na Federação Espírita de Niterói, Zélio Fernandino de Moraes realizou um ato inesperado que marcaria o início de um novo caminho espiritual. Impulsionado por uma força misteriosa, Zélio se levantou de seu lugar à mesa, desafiando as normas estritas da sessão, e declarou que havia uma “flor” faltando no ambiente. Ele então saiu para o jardim, pegou uma flor, e a colocou no centro da mesa. Esse gesto aparentemente simples causou um alvoroço entre os participantes, quebrando o protocolo e gerando curiosidade e tensão.
Pouco depois desse ato, espíritos de escravos africanos e índios começaram a se manifestar através dos médiuns presentes. Essas manifestações foram prontamente rejeitadas pelo diretor da sessão, que considerava esses espíritos como inferiores devido às suas origens sociais e culturais. A atitude do diretor refletia o preconceito existente na sociedade da época, que se estendia até mesmo ao plano espiritual.
Nesse momento crítico, Zélio foi tomado por uma força desconhecida e começou a falar de maneira eloquente, questionando a discriminação contra esses espíritos. Ele se levantou novamente e, em um tom firme e esclarecedor, defendeu a igualdade espiritual. Durante essa manifestação, ele se identificou como o Caboclo das Sete Encruzilhadas, explicando que não haveria barreiras intransponíveis para ele.
O Caboclo das Sete Encruzilhadas revelou então sua missão espiritual: criar um novo culto onde todos os espíritos, independentemente de sua origem ou cor, pudessem se manifestar e serem ouvidos. Ele anunciou que, no dia seguinte, 16 de novembro, às 20 horas, iniciaria um culto na residência de Zélio, onde esses espíritos teriam a oportunidade de transmitir suas mensagens e ajudar os vivos. Este novo culto seria fundamentado nos princípios de caridade, igualdade e amor fraternal, oferecendo um espaço inclusivo para todas as entidades espirituais.
Essa primeira manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas não apenas desafiou as normas e preconceitos da época, mas também marcou o nascimento da Umbanda como uma religião inclusiva e acolhedora, comprometida com a promoção da igualdade espiritual e o auxílio aos necessitados. A mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas ecoou profundamente entre os presentes, estabelecendo as bases para a nova fé que Zélio Fernandino de Moraes ajudaria a difundir.
O Primeiro Culto
No dia 16 de novembro de 1908, às 20h, a promessa feita pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas se concretizou na casa de Zélio Fernandino de Moraes. A residência estava cheia de pessoas curiosas e esperançosas: membros da Federação Espírita, familiares, amigos, vizinhos, e até uma multidão de curiosos se aglomeravam para testemunhar o que estava por vir. O ambiente estava carregado de expectativa e espiritualidade.
Pontualmente às 20h, o Caboclo das Sete Encruzilhadas se manifestou novamente através de Zélio, dando início a um culto que serviria como um campo de atuação para espíritos de africanos e índios. Estes espíritos, que eram frequentemente rejeitados e marginalizados em outras práticas espirituais, agora tinham um espaço dedicado para se expressar e ajudar os vivos. Este momento marcou o nascimento oficial de um novo movimento religioso.
O culto foi nomeado “Umbanda – Manifestação do Espírito para a Caridade”, refletindo seus princípios fundamentais de igualdade, caridade e amor fraternal. A primeira casa de trabalhos espirituais estabelecida sob esses princípios foi a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade. Este nome foi escolhido para simbolizar o acolhimento e amparo a todos que buscassem ajuda ou conforto, assim como Maria acolheu Jesus. A Tenda se tornou um refúgio para os necessitados, independentemente de sua cor, raça, crença ou status social.
Durante essa sessão inaugural, o Caboclo das Sete Encruzilhadas estabeleceu as diretrizes que moldariam a prática da Umbanda. Ele determinou que as sessões de trabalho espiritual ocorreriam diariamente das 20h às 22h, com os participantes vestidos de branco e sem cobrança alguma pelo atendimento. Este era um princípio fundamental: a caridade seria praticada de forma gratuita, garantindo que todos pudessem acessar a ajuda espiritual sem barreiras financeiras.
A Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade se tornou um marco na história da Umbanda, simbolizando o início de uma religião que valoriza a inclusão, a simplicidade e o serviço desinteressado. Este primeiro culto não apenas consolidou a missão do Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas também lançou as bases para o crescimento e a expansão da Umbanda como uma fé que promove a igualdade espiritual e o auxílio ao próximo.
Expansão da Umbanda
O Caboclo das Sete Encruzilhadas estabeleceu diretrizes claras e simples para a prática da Umbanda. As sessões de trabalho espiritual deveriam ocorrer diariamente, das 20h às 22h, com todos os participantes vestidos de branco e sem qualquer tipo de cobrança pelos atendimentos. Este compromisso com a gratuidade dos serviços espirituais era um princípio fundamental, assegurando que todos, independentemente de sua condição financeira, pudessem acessar a ajuda espiritual.
Para disseminar a Umbanda e expandir seus ensinamentos, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, através de Zélio Fernandino de Moraes, fundou várias tendas espirituais. Cada uma dessas tendas possuía um nome distintivo e uma missão específica. As sete principais tendas fundadas e seus respectivos fundadores foram:
- Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia – Fundada por Zélio Fernandino de Moraes.
- Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição – Fundada por José Hipólito.
- Tenda Espírita Santa Bárbara – Fundada por Antônio Silva.
- Tenda Espírita São Pedro – Fundada por João Severino Ramos.
- Tenda Espírita Oxalá – Fundada por Maria Lucinda.
- Tenda Espírita São Jorge – Fundada por João Alves de Souza.
- Tenda Espírita São Gerônimo – Fundada por Joaquim de Almeida.
Sob a liderança de Zélio Fernandino de Moraes, mais de 10.000 tendas foram estabelecidas ao longo dos anos, contribuindo significativamente para a expansão e consolidação da Umbanda no Brasil. Zélio, fiel aos princípios espirituais da Umbanda, nunca transformou a religião em sua profissão. Ele sustentava sua família com seu trabalho secular e frequentemente utilizava seus próprios recursos para apoiar tanto os templos fundados pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas quanto aqueles que buscavam cura espiritual em sua residência.
Zélio sempre recusou contribuições financeiras, seguindo rigorosamente as diretrizes de seu guia espiritual. Mesmo quando lhe ofereciam ajuda financeira ou presentes em agradecimento pelas curas e pelo auxílio espiritual, ele se mantinha firme em sua decisão de não aceitar, reforçando o valor da caridade desinteressada. Esse comprometimento com a simplicidade e a pureza da prática espiritual ajudou a solidificar a Umbanda como uma religião dedicada à humildade, ao amor fraterno e à caridade.
A dedicação de Zélio e as diretrizes estabelecidas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas deixaram um legado duradouro, que continua a inspirar e guiar os praticantes da Umbanda até os dias de hoje.
Legado de Zélio Fernandino de Moraes
Zélio Fernandino de Moraes dedicou 66 anos de sua vida à prática e disseminação da Umbanda, retornando ao plano espiritual em 3 de outubro de 1975. Sua missão e legado continuam vivos através de suas filhas, Zélia e Zilméa de Moraes, que mantêm e perpetuam os ensinamentos de amor e caridade da Umbanda.
O trabalho incansável de Zélio e as diretrizes espirituais do Caboclo das Sete Encruzilhadas deixaram uma marca profunda na religião, enfatizando valores fundamentais como a humildade, o amor fraternal e a pureza mediúnica. Estas qualidades são consideradas essenciais para o serviço aos espíritos superiores e para a prática verdadeira da Umbanda.
A mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas reforça a importância de manter a integridade espiritual, destacando que a Umbanda é sinônimo de humildade, amor e caridade. Ele lembra aos praticantes que, apesar das provações e desafios, a verdadeira força da Umbanda reside na simplicidade e na devoção genuína aos princípios de Jesus.
Zélio, com sua vida dedicada à caridade e ao auxílio ao próximo, serviu como exemplo e guia para todos os umbandistas. Seu legado perdura, inspirando novas gerações a seguir os caminhos de luz e caridade que ele ajudou a traçar.
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Saravá, Axé, Mojubá!
Raphael PH. Alves
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